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Eleições no Amazonas

PCdoB dá sinais de que pode apoiar Amazonino para o governo

Militantes do partido criticam o atual governador em vídeo produzido por Amazonino; dirigente defende apoio ao pré-candidato se esquerda não tiver candidatura própria

Luciano Falbo
luciano.falbo@acritica.com
25/03/2022 às 20:20.
Atualizado em 25/03/2022 às 20:29

Amazonino disputou o governo em 2018 pelo PDT e perdeu para Wilson Lima no 2º turno (Divulgação - out/2018)

Há sinais de que o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) possa embarcar na campanha de Amazonino Mendes (sem partido) ao Governo do Amazonas.

Nesta sexta-feira (25), o perfil do pré-candidato no Instagram divulgou um vídeo em que duas filiadas do partido ligadas à educação reclamam da gestão do setor pelo atual governador, Wilson Lima (UB), na véspera de uma assembleia de professores que poderá resultar em uma paralisação (veja detalhes abaixo).

O secretário de Questões Estratégicas do PCdoB no Amazonas, Yann Evanovik, não descarta a possibilidade de apoiar Amazonino, uma vez que a sigla rejeita a reeleição de Wilson Lima e o arco de alianças do partido à esquerda não deve lançar uma candidatura ao governo em função da articulação nacional em torno da eleição de Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT).

“O quadro no Amazonas é muito complexo. Eu particularmente acho que o nosso campo deveria ter candidatura. Eu entendo que o senador Omar (Aziz, do PSD, pré-candidato à reeleição para o Senado com apoio de Lula) está correto em fazer os movimentos que ache conveniente para o projeto dele. Ele quer ser um candidato ‘camarão’ de todos os palanques. Só que eu acho que o nosso campo não pode ficar sem alternativa para o governo no primeiro turno”, disse Yann Evanovik ao Sim&Não.

“Então, tem vários nomes que se colocaram aí à disposição. Eu acho que o debate da viabilidade é um segundo debate, mas o primeiro turno é o momento pra se apresentar o programa, para se disputar ideias, para se construir o palanque para o Lula. Então, eu acho que assim, o primeiro turno tinha que ter candidatura o nosso campo”, completou.

O próprio Yann admite que isso é improvável. “A candidatura ideal hoje infelizmente não existe porque é prioridade dos partidos nacionalmente é a disputa de federal”, observa. Nesse caso, ele avalia que não ter um candidato ao governo para apoiar no primeiro turno é “estar ajudando alguém”.

“Hoje nós temos veto a uma candidatura, que é do Wilson Lima. Agora, fora isso, vai ter que debater com todo mundo. Eu sou partidário da tese que é preciso que o PCdoB, PT, PSB e PSOL definam candidatura. Se não vão ter candidatura, tem que apontar um rumo”, defende.

Em síntese, Yann diz que o rumo é eleger Lula e que para isso é preciso isolar os candidatos de Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), que hoje está no arco de apoio a Wilson.

“O Wilson Lima tem um núcleo bolsonarista. Então, se você me disser ‘entre o Wilson e...’ se tiver um cenário entre Wilson e Amazonino, eu não tenho dúvida, tem que apoiar o Amazonino”, disse o militante.

“Agora, o PCdoB não fez esse debate ainda. Essa é uma opinião minha pessoal”, completou.

Saiba mais

Nacionalmente, o PCdoB deve fazer parte de uma federação com o PT e o Partido Verde (PV). No Amazonas, o PV é comandado pelo presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM), Roberto Cidade, que até então rejeitava aliança com a esquerda.

Histórico

Amazonino começou na política pela esquerda. Ainda estudante, durante a luta contra a Ditadura Militar, se filou ao Partido Comunista Brasileiro, o “Partidão”.

Em seus primeiros cargos públicos, se posicionou no centro à direita, sempre sendo alvo de críticas de partidos da esquerda.

Mas, a bússola ideológica nunca foi decisiva para ele. Questionado sobre trocas partidárias, sempre diz que o eleitor não presta atenção nisso e vota em pessoas. Já foi do PFL/DEM, PTB, PDT e, mais recentemente, Podemos. Hoje, está em tratativas para entrar no Cidadania ou PSDB.

Em 2006, após deixar o DEM, declarou entrevista ao jornal A CRÍTICA que enfrentou o partido por causa de Lula e não fez campanha contra o então presidente que buscava a reeleição. “Nunca fui contra o Lula. Todo mundo sabe disso. Eu me recusei a fazer campanha contra o Lula. Daí ter alguém na presidência do partido e não eu. Eu que preferi enfrentar o partido e não quis ficar contra o Lula”, disse à época.

Na campanha de 2018, no 2º turno, Amazonino lançou o voto “Bolsonino”. Ele distribui “colinha” impressa e nas redes sociais onde pedia voto para si para o Governo do Amazonas e para Jair Bolsonaro para a Presidência da República, que disputava contra Fernando Haddad (PT).

Nas últimas semanas, ele vem se “desbolsonarizando”, adotando um tom mais crítico em relação a questões econômicas nacionais como o preço dos combustíveis.

Entenda

Na publicação no Instagram, Amazonino ressalta que neste sábado (26) professores realizarão uma assembleia e uma possível paralisação está na pauta. Os professores querem reajuste salarial de 17%, pagamento de progressões por titularidade e tempo de serviço, além do reajuste do vale-alimentação e a revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR).

No vídeo produzido pela equipe de Amazonino, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), Ana Cristina Rodrigues, diz que o governador Wilson Lima não aceita sentar para conversar com os professores para ouvir as reivindicações e que é “péssimo administrador”.

Outra militante que aparece no vídeo é a professora Beatriz Calheiros. Segundo ela, Wilson não assume responsabilidade com a data-base da categoria. “A gente não quer benefício, a gente quer direito concreto”, diz Beatriz, em referência indireta ao pagamento recorde de abono do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) promovido pelo governo.

A categoria de profissionais da educação, principalmente o movimento social organizado, é sempre engajada na disputa eleitoral. A Secretaria de Estado da Educação tem em seus quadros, em todo o Amazonas, 32.478 servidores.

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